segunda-feira, 7 de julho de 2025

Minha casa

 


Quando crescer, quero uma moradia

de pau-a-pique com reboco, pintada de branco

de janelas e portas azuis.

E, no quintal, cafeeiros, bananeiras

jabuticabeiras e um coqueiro

para de longe acenar quando para casa eu  retornar.

 

Quero uma casa de esteios do mato,

de ripas de jiçara, de teto baixo com vãos para guardar

navalha de barbear, anzol para caçoa,

agulha de costurar rede e retratos de santos por todas as paredes.

 

Minha casa terá fogão a lenha com chapa de ferro de três bocas,

uma chaminé bem comportada

que expulsa toda a fumaça e deixa só um bocadim

para fazer picumã contra o bicho-cupim.

 

Uma casa com camarinhas de janelas abertas

para as bandas do leste, para o caminho do sol,

para o mar e  as fruteiras carregadas de pássaros

que cantam a Deus, gratos pela alvorada,

como todo mundo devia fazer em início de jornada.

 

Uma casa muito simples com luxo só na camarinha,

com tarimba de ripas, esteiras de taboa e travesseiro de macela.

Minha casa de adulto será minha casa de infância.

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