quinta-feira, 16 de abril de 2020

Poesia no futebol




Gosto muito de acompanhar os jogos de futebol pelas ondas radiofônicas. Mais do que o desenrolar da refrega esportiva, aprecio o colorido dos comentários e narrações feitas pelos radialistas. Gosto, principalmente, daqueles que esticam a liberdade de expressão para tentar descrever com palavras o que os olhos mal podem acreditar, são os narradores poetas.
Penso que isso se deve à minha infância na Praia da Fortaleza, em Ubatuba, uma vila de pescadores isolada até meados de 1970, lugar em que as notícias chegavam por rádios de pilhas que, aos domingos, ficavam zumbindo e narrando os feitos dos craques da época: Mané Garrincha, Didi, Manga, Pelé, Rivelino, Djalma Santos, Ademir da Guia e tantos outros.
É a mais pura poesia quando se ouve dizer que saída do vestiário é “boca do jacaré”, jogadores são chamados de “os protagonistas”, dirigentes são “cartolas”, a torcida é denominada de “milhares de não combatentes”, ou quando o choque de oponentes passa a ser “acidente de trabalho”.
Tem ainda muita criatividade e emoção, quando no calor das partidas, usa-se as expressões “Goleiro de mãos de folha de alface!” “Açougueiro na defesa!” “O arqueiro só caçou borboletas!” “A bola foi direto aonde dorme a coruja!” “Gol do meio da rua!” “Ao apagar das luzes!”
A torcida vai ao delírio! E eu vou junto!

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