Quando crescer, quero uma
moradia
de pau-a-pique com reboco, pintada
de branco
de janelas e portas azuis.
E, no quintal, cafeeiros,
bananeiras
jabuticabeiras e um coqueiro
para de longe acenar quando
para casa eu retornar.
Quero uma casa de esteios do
mato,
de ripas de jiçara, de teto
baixo com vãos para guardar
navalha de barbear, anzol para
caçoa,
agulha de costurar rede e
retratos de santos por todas as paredes.
Minha casa terá fogão a lenha com
chapa de ferro de três bocas,
uma chaminé bem comportada
que expulsa toda a fumaça e
deixa só um bocadim
para fazer picumã contra o
bicho-cupim.
Uma casa com camarinhas de
janelas abertas
para as bandas do leste, para
o caminho do sol,
para o mar e as fruteiras carregadas de pássaros
que cantam a Deus, gratos pela
alvorada,
como todo mundo devia fazer em
início de jornada.
Uma casa muito simples com
luxo só na camarinha,
com tarimba de ripas, esteiras
de taboa e travesseiro de macela.
Minha casa de adulto será
minha casa de infância.