sábado, 3 de junho de 2017
Árvore genealógica
O lado luso da minha família,
um certo Antonio, foi condenado a penar
nas perigosas colônias do Brasil por furtar
o coração de quem era proibido roubar.
O lado afro da minha família
estava em uma guerra entre tribos rivais,
um antigo esporte muito popular,
quando foi capturado, vendido para os mouros
e a África não reviu jamais.
O lado bugre da minha família
cruzou há mais de vinte mil anos
o estreito de Bering
na época de Era do Gelo,
não se acostumou com tanto frio,
veio seguindo a rota do sol,
até que chegou ao Rio,
Rio de Janeiro,
tirou o capote de pele de urso polar,
correu para a praia, mergulhou no mar
e se transformou em tupinambá.
Deles herdei esse jeito de escrever poemas.
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