sexta-feira, 17 de abril de 2020

Crônicas do futebol: casos engraçados










          Mário Jardel Almeida Ribeiro nasceu em Fortaleza (CE), em 18 de setembro de 1973,  destacou-se na posição de atacante na escolinha de futebol do Ferroviário (CE) e, logo, o Vasco da Gama (RJ) comprou o seu passe. Em 1992 estreou no time principal e foi, também, nos anos seguintes, astro do futebol por outros times nacionais e internacionais. Seu último time, antes de aposentar-se em 2011, foi o Rio Negro (AM). Após afastar-se dos gramados, resolveu se candidatar a deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, foi eleito, mas antes do fim do mandato foi cassado. Melhor teria feito se continuasse no mundo dos esportes.
            O jogador pode até negar, a gente até compreende que ninguém gosta de ser vítima de invencionices, mas não há jeito de mudar  o rumo da história depois que se cria a fama e os casos caem no gosto popular. A Jardel são atribuídas as seguintes frases divertidas :

            "Clássico é clássico e vice-versa."
            "Quando o jogo está a mil, a minha naftalina sobe."
            "Eu, Paulo Nunes e Dinho vamos fazer uma dupla sertaneja."
            “No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias.”
            “Que interessante, aqui no Japão só tem carro importado!”

              O caso das dores de Jardel
            Jardel foi ao médico, quando jogava pelo time do Porto, reclamando de uma dor generalizada: “Como é isso Jardel? “
            “Doutor, o meu corpo todo dói. Onde eu ponho o dedo dói. Se boto o dedo na perna, dói. Se ponho o dedo na barriga, dói. O senhor sabe o que eu tenho? “
            “Deixa eu ver a sua mão! Mas que coisa Jardel, você quebrou o dedo!”

O Diamante Negro



   

O carioca Leônidas da Silva brilhou no futebol brasileiro dos anos 1930-50 e ficou célebre por ser goleador e, principalmente, por ter inventado a jogada ‘da bicicleta’ que exige um alto grau de habilidade e agilidade física.
O craque ficou tão popular que, em 1938, a empresa de chocolates Lacta, num lance de genialidade de marketing, criou um novo bombom e batizou-o de ‘Diamante Negro’, o apelido carinhoso com que o povo o chamava. O jogador se tornou, então, um dos primeiros jogadores brasileiros a cobrar pelo uso da imagem em propagandas.
O tempo passou, o nosso herói veio a falecer em 2004, passou para a história do futebol, mas o chocolate que leva seu apelido continua popular e é um dos mais vendidos pela Lacta, até aos dias de hoje.
Gostaria de ver a empresa fazer um pequeno gesto de reconhecimento, explicando nas embalagens do bombom o histórico do “Diamante Negro”, para que as novas gerações tenham, também, o prazer de saber quem foi Leônidas da Silva.





quinta-feira, 16 de abril de 2020

Poesia no futebol




Gosto muito de acompanhar os jogos de futebol pelas ondas radiofônicas. Mais do que o desenrolar da refrega esportiva, aprecio o colorido dos comentários e narrações feitas pelos radialistas. Gosto, principalmente, daqueles que esticam a liberdade de expressão para tentar descrever com palavras o que os olhos mal podem acreditar, são os narradores poetas.
Penso que isso se deve à minha infância na Praia da Fortaleza, em Ubatuba, uma vila de pescadores isolada até meados de 1970, lugar em que as notícias chegavam por rádios de pilhas que, aos domingos, ficavam zumbindo e narrando os feitos dos craques da época: Mané Garrincha, Didi, Manga, Pelé, Rivelino, Djalma Santos, Ademir da Guia e tantos outros.
É a mais pura poesia quando se ouve dizer que saída do vestiário é “boca do jacaré”, jogadores são chamados de “os protagonistas”, dirigentes são “cartolas”, a torcida é denominada de “milhares de não combatentes”, ou quando o choque de oponentes passa a ser “acidente de trabalho”.
Tem ainda muita criatividade e emoção, quando no calor das partidas, usa-se as expressões “Goleiro de mãos de folha de alface!” “Açougueiro na defesa!” “O arqueiro só caçou borboletas!” “A bola foi direto aonde dorme a coruja!” “Gol do meio da rua!” “Ao apagar das luzes!”
A torcida vai ao delírio! E eu vou junto!

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Boa Páscoa











Não deixe a voz emudecer,
ou a timidez atrapalhar,
ou o medo do rídiculo prevalecer;
Deixe a alma falar,
dê um grito vigoroso:
Eu o amo também,
Deus Todo Amoroso!

domingo, 12 de abril de 2020

O amor vai salvar o mundo











Qualquer pai ou a mãe
gosta de um carinho dos filhos,
mesmo que seja através de cartões
do dia das mães ou dos pais,
com desenhos e borrões
de casas com janelas e portas tortas,
com uma chaminé soltando fumaça
- e a gente nem tem mais o fogão a lenha -
pessoas com pernas de palitos,
às vezes tem um gato
feito a partir do número oito,
cachorro é mais difícil de desenhar
e a mãe tem um imenso coração
sempre bem caprichado.
Com Deus também é assim,
a Amor quer ser amado.



terça-feira, 7 de abril de 2020

Mil novecentos e antigamente














A nossa gente vivia assim:
fogão a lenha na cozinha,
crianças por todo lugar,
segredos na camarinha,
rádio de válvulas no aparador,
oratório na sala,
a morada de Nossso Senhor.


A nossa gente vivia assim:
a  canoa fundeada no raso,
a rede preparada,
o espia a soprar no búzio,
o anzol na linha,
o espinhel na espera,
pois está chegando a tainha.


A nossa gente vivia assim:
um pouco de peixe,
um pouco de farinha de mandioca,
uma pitada de sal,
o tempero de um limão,
um tanto de coentro
e estava pronto o pirão.


A nossa gente vivia  assim:
muitas bananeiras em volta de casa,
cana-de-açúcar, cafeeiros na capoeira,
coqueiros, cajueiros no quintal,
laranjeiras, rosas, mil-flores
e mais um pé de jasmim...
Ai, meu Deus, que saudades de mim!











Sonho de felicidade

Simeão de Jerusalém
sonhou que devia esperar
por quem ele não conhecia
e tomar em seus braços
o bebê que nos foi prometido
na antiga profecia.
Viva Jesus, José e Maria.

Viagem para longe



Com um livro nas mãos
eu me desligo completamente,
quando tento reconectar com o mundo,
ele já vai bem adiante.

O mundo é redondo


De tanto nos afastar
acabaremos por nos encontrar
pra lá de Bagdá.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Poema para Thaís















Thaís mora em Boiçucanga,
é filha do Caramujo,
mas não gosta de viver na concha, não,
na verdade ela procura a luz e o calor
nas horas em que o Sol é mansinho
e, também, para ficar atenta
às notícias que o vento traz:
novas rosas se abrem na roseira,
alguém está preparando peixe para o almoço,
uma música que está tocando no rádio...
Gosta muito quando os passarinhos
vem contar fofocas uns para os outros
e fica prestando atenção.
Longe, lá em Ubatuba,
um professor a guarda no coração.


Obs: Thaís, desde o ano passado não consegue mais ver,
mas não permitiu que a doença lhe tirasse a alegria de viver.



sábado, 4 de abril de 2020

Fé em Deus











Deus existe porque mamãe falou
e a gente a obedecia em tudo,
ela sempre aconselhava a fazer orações
e eu, sempre com dúvidas em gramática,
pensava em orações, frases e períodos
e me atrapalhava todo, até que um dia,
em vez de oração, eu resolvi fazer poesia:
Deus, eu não o vejo,
nem o amor que não passa de abstração,
mas que existe na gentileza das árvores frutíferas ,
em mendigos que repartem o almoço com um cão,
na solidariedade dos botos com os náufragos,
em mamãe fazendo milagres
para não deixar faltar nada aos seus...
Meu Deus, o senhor é amor, Deus!









Parada obrigatória













A correria era tão grande,
casa-condução-trabalho-condução-casa,
que não nos importávamos com o corpo,
muito menos com a alma,
não tínhamos tempo para a família,
nem para sentir saudades,
já não dormíamos, apagávamo-nos.
E de tanto nos apagar
o corpo foi dando sinais,
o brilho dos olhos a falhar,
os ossos e músculos a doer,
o coração a disritmar,
o pulmão com muita tosse...
Isso é poesia? Antes fosse.


sexta-feira, 3 de abril de 2020

1970: trecho de notas sociais da Praia da Fortaleza












Hoje de manhã a rede do Zé Almiro
trouxe muitos cações, betaras, corvinas,
linguados, carapebas e robalos
e os parceiros na pescaria ganharam uma boa porção.
Dona Eugênia, capricha no coentro e no limão!

Tia Aninha manda avisar que não esqueçam
da novena na Capela de São João Batista
para pedir a Deus para vir nos abençoar
com abundância de peixe e farinha de mandioca,
ou depois não adianta choramingar.

O ônibus do Expresso Rodoviário Atlântico
trouxe de Santos, via São Paulo,
o Marcelino do Zé Almiro, que trouxe  notícias
dos parentes que foram para a cidade grande,
mas, maior que tudo, são as saudades.

Oliveira Antero de Oliveira
está completando 45 anos de idade
e avisa que combinou com Nosso Senhor
que pretende viver mais 50 anos
e que isso não é papo de pescador.