sexta-feira, 30 de julho de 2021

Cuidados necessários (para Larissa)


Vou tirar as ervas daninhas do jardim,
depois tirar tudo que tem espinhos,
ficarão os lírios, sairão os delírios,
vou fazer igual Larissa Peres,
expurgar todos os males
e deixar só os bem-me-queres.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Plantando na terra, colhendo no mar











Na geografia da memória,
minha casa de infância está entre o mar,
a serra e a vida da mata atlântica.
Crianças, cachorros, galinhas, patos,
pássaros, caxinguelês, gambás,
fazíamos balbúrdia no terreiro.
Nós aprendíamos brincadeiras em grupos
com brinquedos feitos por nós mesmos:
bolas de pano, pipas, balanços, carros de latas,
barquinhos de madeira leve...
Nunca aprendemos a fazer nada sozinhos
e éramos acostumados à amplidão,
talvez seja por isso que muitos de nós
não se adaptaram à era da solidão.








terça-feira, 13 de julho de 2021

Valente, meu barco









Quando crescer eu vou comprar um barco à vela

para me levar aonde o vento sopra,

vou pintá-lo de nuvens e ondas

e chamá-lo de valente.

Vou deixar de bobagem,

navegar só de cabotagem,

ter amigos em cada porto,

pescar o peixe grande e soltar o filhote,

assistir o espetáculo dos golfinhos,

respeitar os sinais dos tempos,

fugir das tempestades,

e ter tenência das coisas,

pois, como disse vovô José:

"escute e veja se não erra,

o pior dos tubarões

muitas vezes está em terra".