É juntando os fios,
Cada qual com sua função,
Cada fio com sua cor,
Juntos por associação,
Que se constrói uma tapeçaria.
Se houver algum fio rompido,
a obra fica incompleta
e o tecido fica enfraquecido.
Assim é com a vida,
Cujos tecidos são os ecossistemas,
Cujos fios são os seres vivos,
Que convivem em equilíbrio,
Eu vivo, você vive e viva nós,
como acontece nos manguezais
Que só existe na foz
Onde o rio se encontra com o mar,
Onde muitos peixes e outros bichos
Vêm se reproduzir e se alimentar.
Ali a vida tem um equilíbrio tão delicado
Que se um louco cometer o pecado
De poluir, aterrar ou fazer o corte
Das águas, das margens, das plantas,
É uma sentença de morte
Para santos e pecadores,
Para peixes e pescadores.
Mas, por causa do ouro,
Os gananciosos não veem o tesouro
Que é a vida em abundância,
E destroem e matam
Por causa da ganância,
Como aconteceu de sul
Até ao centro de Ubatuba.
Por enquanto só escaparam da morte
os manguezais do norte.
Destruir os ecossistemas passou a ser um jogo,
Mas é um jogo terrível,
Do qual sairemos todos perdedores...
Quem consertará a tapeçaria?
Quem reconstituirá suas cores?
Parabéns, poeta, pela analogia. Ela é admirável. Faz entender melhor que tudo está interligado e dá o alerta para preservar o restante dos manguezais do norte e sinaliza o quanto foi cruel a ação humana nos manguezais do centro e do sul. Esta poesia é, antes de tudo, objeto de educação ambiental e um convite para a recuperação dos manguezais degradados.
ResponderExcluirParabéns, uma ótima reflexão!
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