sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Os delicados fios da vida

 

É juntando os fios,

Cada qual com sua função,

Cada fio com sua cor,

Juntos por associação,

Que se constrói uma tapeçaria.

Se houver algum fio rompido,

a obra fica incompleta

e o tecido fica enfraquecido.

Assim é com a vida,

Cujos tecidos são os ecossistemas,

Cujos fios são os seres vivos,

Que convivem em equilíbrio,

Eu vivo, você vive e viva nós,

como acontece nos manguezais

Que só existe na foz

Onde o rio se encontra com o mar,

Onde muitos peixes e outros bichos

Vêm se reproduzir e se alimentar.

Ali a vida tem um equilíbrio tão delicado

Que se um louco cometer o pecado

De poluir, aterrar ou fazer o corte

Das águas, das margens, das plantas,

É uma sentença de morte

Para santos e pecadores,

Para peixes e pescadores.

Mas, por causa do ouro,

Os gananciosos não veem o tesouro

Que é a vida em abundância,

E destroem e matam

Por causa da ganância,

Como aconteceu de sul

Até ao centro de Ubatuba.

Por enquanto só escaparam da morte

os manguezais do norte.

Destruir os ecossistemas passou a ser um jogo,

Mas é um jogo terrível,

Do qual sairemos todos perdedores...

Quem consertará a tapeçaria?

Quem reconstituirá suas cores?