A casa de caiçara era simples
com reboco sobre as paredes de pau-a-pique,
telhado com ripas de jiçara
e telhas que não existem mais,
telhas feitas nas coxas.
Janelas e portas sempre ficaram abertas
para entrar a luz do sol, a brisa do mar,
crianças a todo instante e, de vez em quando,
um passarinho que errava de rumo.
As plantas do jardim sempre foram bem cuidadas,
como podem declarar
os fiscais das flores desta comarca,
borboletas, colibris e mariquitas.
A casa era guardada por um cachorro viralata,
mas quem nos protegia mesmo era São Miguel Arcanjo,
vovó o viu apenas uma vez na vida
quando voltava da reza do rosário na capela.
- Ele é uma pessoa muito muito grande, dizia ela.