domingo, 23 de fevereiro de 2020

Dias de mansidão




Depois da plantação cuidada,
de toda a criação tratada,
da rede de pesca recolhida,
minha avó cuidava das flores,
meu avô consertava a rede
e meus tios namoravam.
Só nós crianças estávamos
com os dias simplesmente lotados
em jogar bola na praia,
empinar pipas,
pular amarelinhas,
brincar de jacaré nas ondas,
balançar nos galhos das amendoeiras
e brincar de esconder
até que o tempo nos achou
e tivemos que crescer.






Poesia para preservar




Antigamente todos os rios nasciam
e nunca morriam,
se transformavam em mar.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Escola de poesia


O que eu queria mesmo
era trabalhar em uma escola especializada
em tratar os ferimentos da alma,
que recebesse as crianças mais tristinhas,
iguais plantas murchas carecendo de água
e as devolvessem para a vida
totalmente protegidas contra as mágoas
provocadas por uma sociedade que machuca
quem tanto já sofre com carência de paz ou pais.

Jardim do céu




Como se não bastassem as flores da Mata
cheia de ipês, helicônias, ciosas, manacás,
Vovó ainda cultivava roseiras,
onze horas, hibiscos, mimos
e mais mil flores.
E Deus ficava tão contente
que todos os dias mandava recados de carinhos
pelas mariquitas, abelhas e cuitelinhos.





domingo, 9 de fevereiro de 2020

Sinais da Era do Amor?




Conheço muito moços e moças
com as mãos bem unidas,
filhos únicos de famílias reduzidas,
ou, no máximo, têm outro irmão ou irmã,
com os pais separados,
que vão por aí afora plantando árvores,
salvando os cachorros
ou abraçando a causa da ecologia.
São muito amorosos,
porque se sustentam de carinhos.
E assim o rumo do mundo
vai tomando novos caminhos



sábado, 8 de fevereiro de 2020

Anúncio













Não sei em que ponto da história,
de tanto me preocupar com trabalho,
salário, resultado e vitória,
acabei por perder a ancestral calma
dos caiçaras, caipiras do litoral,
não sei onde ficou minha alma,
a situação está ruim,
tô com saudades de mim,
quem me encontrar por aí
favor despachar para a caixa postal
na Praia do Perequê-Mirim,
para o ano de 1976,
para a casa com cercas de hibiscos
pelos beija-flores muito frequentada.
Agradeço a atenção dispensada.