quinta-feira, 31 de maio de 2018

luz e sombra




Minha primeira casa
tinha esteios de madeira-de-lei
e ripas de jiçara que apoiavam o telhado
para segurar com eficiência as chuvas,
mas deixar vazar,
pelos vãos das telhas feitas nas coxas,
os raios de sol,
que faziam caprichosos jogos
com as sombras nas paredes
de deixar qualquer um admirado:
o meu primeiro desenho animado.

domingo, 27 de maio de 2018

O tempo ruim passará














Tudo estava em equilíbrio,
o livro caiçara da vida sendo escrito e vivido
nas praias de Ubatuba,
quanto o vento veio e virou a página
para o capítulo da especulação imobiliária,
da grilagem das terras,
do fechamento das praias
e da destruição dos ecossistemas.
Mas continuamos a resistir e praticar
nossas técnicas de pescar,
cultivar, amar a terra, o mar, as pessoas,
rompendo as ondas,vencendo os problemas,
pois a caneta ainda está em nossas mãos
e a nossa história voltará a ser escrita,
e dessa vez será em poemas.







sábado, 19 de maio de 2018

Resgate-se




Construtores de castelos e reinos,
sonhos e esperanças,
tudo isso já fomos.
Passou o tempo de criança,
e agora o que somos?

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Frágil: Contêm sonhos


A guerra acabou?
A paz voltou?
Os sonhos podem voltar a crescer?
Há uma mensagem de esperança
na imagem das crianças
que brincam entre as ruínas
das guerras feitas pelos adultos.




quinta-feira, 10 de maio de 2018

Pescaria


Um rancho para morar,
uma canoa para trabalhar,
uma rede para pescar,
mas tem que ser rede de espera,
porque não tenho pressa
e quem espera sempre alcança
o peixe que Deus há de dar,
amanhã eu volto para buscar.





quarta-feira, 9 de maio de 2018

Instruções para viagem



Para qualquer jornada,
vá com a carga leve,
a fé, firme, como convém,
a alma, leve,
leve o coração, também.



domingo, 6 de maio de 2018

Feira caiçara


Como todos os bons cristãos,
a gente colhia do quintal
e se alimentava de jabuticabas,
cajus, jacas, laranjas, goiabas e
bananas de todos os tipos.
Mas o que eu gostava mesmo
era de ser como os bons bugres
e sair mato adentro para catar araçás,
coco brejaúbas, cambucás, bacuparis,
mandacarus, pitangas, os frutos do jambeiro...
A gente fazia a feira sem dinheiro.