quinta-feira, 28 de setembro de 2017
Evolução da vida
A alga foi o primeiro ser vivo a existir
e depois veio a bactéria,
bactéria se juntou em colônias
e virou molusco,
molusco com concha virou crustáceo,
crustáceo transformou-se em peixe.
A antiga alga saiu da água,
que deu origem à samambaia,
que derivou em gimnospermas
e angiospermas, inclusive coentro e limão.
Anota aí: molusco, crustáceo, peixe
coentro e limão.
Pode parar a história da vida
que já estão prontos a caldeirada e o pirão.
domingo, 17 de setembro de 2017
Manifesto poético democrático
De vez em quando dá a louca
na massa do povo brasileiro
que sai às ruas tangido
por lobos em peles de carneiro,
como aconteceu em certo primeiro de abril,
dia da mentira,
quando derrubararam João Goulart,
e apoiaram o atraso político,
como se não houvesse opção
naqueles anos sessenta,
apogeu de Carlos Drummond, Cecília Meirelles,
Mário Quintana, Manuel Bandeira...
Imagino o impacto histórico
se tivéssemos sido a primeira democracia de poetas,
uma república criativa de ideais,
um país sem ditadura militar...
Ainda hoje alguns preferem o tacão dos generais,
eu prefiro a liberdade poética já!
Old-fashioned
Um toque de doçura,
gelo sem exagero,
angostura, sim,
angústia, não.
Ah, e duas doses de bourbon.
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
Baile para a lua
Vai ter canto, cantiga e cantochão;
requebros de tatu;
desfile de inhambu;
presença de curiango e urutau;
vai ter luz dos pirilampos
para fazer a iluminação;
- Lobo-guará? pode entrar!
- Bicho-homem? não entra não.
requebros de tatu;
desfile de inhambu;
presença de curiango e urutau;
vai ter luz dos pirilampos
para fazer a iluminação;
- Lobo-guará? pode entrar!
- Bicho-homem? não entra não.
Qual é que é a tua, cacatua?
Não adianta pôr dentadura
para fazer o tapir
parecer onça-pintada;
é absurdo colar uma peruca
para a tartaruga-de-pente
pentear-se mais frequente;
e, ao contrário do que se pode pensar,
é de paz o bicho matamatá.
Melhor do que a realidade
Em dia bom o esquilo, serelepe,
cata nozes e sementes
para fazer estoques para o inverno.
E tudo isso para quê?
Segundo os desenhos de Walt Disney,
no tempo frio o caxinguelê lê.
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Luz e trevas
O vagalume (em qual bateria
ele recarrega sua energia?)
leva para a noite lampejos do dia.
ele recarrega sua energia?)
leva para a noite lampejos do dia.
Sinais
Antigamente os sapos gritavam alarmes
para Vovó retirar as roupas do varal
e vinha chuva em seguida.
Esta é uma história muito antiga
de quando a primavera só começava
depois que o sabiá começava a cantar.
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
História de herói
Ver o que não existe
Tem dias que consigo ver
a ponte aérea Rio-São Paulo,
mas tem que ser em dias azuis,
com umidade suficiente nos ares
para o motor dos aviões deixar
um rabicho de vapor para trás.
Tem dias que consigo ver
uma coisa que não existe.
domingo, 10 de setembro de 2017
Cochilo
Tudo estava normal na vida
e na vila dos caiçaras,
homens saindo para pescar,
mulheres fazendo mil coisas,
crianças aprontando reinações,
rio se atirando na cachoeira,
vento agitando as árvores,
mas bastou o anjo da guarda cochilar
e deu a louca em três ou quatro pessoas
que partiram para a capital
para viver para trabalhar. Que sina!
Tia Joana
A casa de pau-a-pique
de Tia Joana,
escorada pra não cair
ao sopro do vento
leste,
era cercada por um
jardim
dos jasmins mais
cheirosos,
de beijos de todos os
feitios,
de brincos de todas
as princesas,
de rosas de todas as
cores,
de campânulas aos
quatro ventos,
que Tia Joana colhia
e ajeitava em
ramalhetes
para enfeitar o altar
da igrejinha da Praia
da Fortaleza,
para alegrar São João
Batista
que nunca teve tanta
riqueza.
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
Semente latente
Um caiçara sem praia
é Jorge Luis Borges sem os olhos,
trazendo para a luz as imagens
que compõem suas memórias,
mas que histórias!
Um marinheiro sem embarcação
é Herbert Vianna sem poder caminhar
que leva outros a viajarem,
mas que viagem!
Um pescador sem mar
é Ludwig van Beethoven sem audição
tirando músicas dos silêncios
para compor suas sinfonias,
mas que melodias!
Edificando castelos
Crianças que brincam nas praias
serão arquitetos ou arquitetas
porque desde cedo edificam
castelos na areia (e nas nuvens)
e mesmo que não cursem universidades,
tem todo um mundo na imaginação
de edifícios, jardins do futuro e arrabaldes.
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Heranças
O avô do avô de meu avô veio de Portugá,
no tempo dos reis barbados,
porque tinha muita monotonia por lá,
chegou aqui em tempo de chuva,
passou alguns dias encharcado
até que uma boa alma tupinambá
ensinou, com a melhor técnica da pré-história,
a fazer uma tapera com folhas de guaricanga
para se abrigar.
Ah, se ele aprendesse a lição inteira...
ah, se ele aprendesse a descansar
e esperasse a chuva passar...
ah, se ele não conjugasse o verbo colonizar...
ah, se ele não conjugasse o verbo colonizar...
domingo, 3 de setembro de 2017
Tempero da vida
Cantar os altos e baixos da vida
não é para qualquer um,
música alegre em tempo de fartura,
toada triste em tempo de carestia,
mas sempre com a confiança
que amanhã será outro dia.
Rádio a pilha em lugar alto
e violão em lugar baixo
por causa da criançada arteira.
Esse é o segredo da família Pereira
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