segunda-feira, 28 de agosto de 2017
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
O maior mágico do mundo
Nélson, o nome inteiro eu nunca soube,
era operário de construção
e, também, mágico amador,
que para o respeitável público
(nós, crianças da rua),
que para o respeitável público
(nós, crianças da rua),
moveu papéis com a força do pensamento;
fez desaparecer e depois aparecer
pedras, sementes e gravetos
tocou fogo nos papéis e nada se queimou;
fez uma moeda atravessar uma tábua,
pôs sementes dentro de um chapéu
e retirou flores desabrochadas.
Batemos palmas de admiração e agradecimento,
ele fez uma mesura e se despediu.
Batemos palmas de admiração e agradecimento,
ele fez uma mesura e se despediu.
Mas a magia maior, percebemos depois,
foi que virou uma grata lembrança
do nosso tempo de crianças.
do nosso tempo de crianças.
sábado, 19 de agosto de 2017
Marinheiro sem mar
O que os pescadores fazem
quando são obrigados
a ficar em terra?
Reúnem-se com os amigos?
Vão à igreja? Cuidam da horta?
Fazem compras?
Tocam violão? Fazem filosofia?
Bebem cachaça? Pensam em poesia?
Ficam enamorados?
Tudo isso eles fazem, só não ficam ancorados.
Ficam enamorados?
Tudo isso eles fazem, só não ficam ancorados.
Atavismo
dos quais Silvário tem memória
foram pescadores e senhores do mar
e de um pedaço da restinga
no lado sul de Ubatuba.
Todo dia ele toma passagem em um ônibus,
desde o piemonte da Serra, onde agora mora
e vai até à praia, pisa na areia, molha os pés no Atlântico,
para manter viva a recordação, para alegrar o coração.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
Caapora
Em matéria de angelologia
eu não estou tão por fora,
o anjo da guarda dos bichos do mato
acho que é a caapora.
domingo, 13 de agosto de 2017
Arqueologia familiar
Antes de pintar as paredes
rabiscadas e desenhadas
pelas mãos das crianças
é recomendável registrá-las em fotos
pois quando elas se tornarem
desenhistas, arquitetos, poetas,
vai ser possível entender
como tudo começou.
domingo, 6 de agosto de 2017
Na camarinha da infância
Nossa cama era uma tarimba,
com esteiras de taboa,
com travesseiro de macela.
Talvez seja por isso
que nosso sono
era tranquilo e revigorante,
ou porque o mundo
já foi mais aconchegante?
com esteiras de taboa,
com travesseiro de macela.
Talvez seja por isso
que nosso sono
era tranquilo e revigorante,
ou porque o mundo
já foi mais aconchegante?
sábado, 5 de agosto de 2017
Não nos disseram que eles era heróis...
Quando Gandhi convidava
para fazer jejum pela liberdade, eu jejuei?
Quando Mandela pedia solidariedade à sua luta
pelo fim do Apartheid, eu me solidarizei?
Quando D. Oscar Romero
clamava por justiça social, eu escutei?
Quando Madre Teresa esmolava
para tratar dos párias do mundo, eu me sensibilizei?
Quando Chico Mendes foi morto, eu chorei?
Quando Lula liderou as lutas pelas diretas, eu lutei?
Quando R. Wallenberg desapareceu, eu o procurei?
Assinar:
Postagens (Atom)