domingo, 30 de março de 2025

Deus abençoa essa bagunça

 

A casa mais feliz do mundo

tem ursinhos de pelúcia,

bolas de futebol,

balanço no quintal,

criança que grita,

um monte de gibi,

uma avozinha que ri,

cachorro que late,

pão com manteiga

e leite com chocolate.


sábado, 29 de março de 2025

Não perca a esperança







O diamante vem de um cristal sujo;
crianças, só as mais arteiras,
crescem e viram artistas;
lírio de folhas secas
mantém os bulbos à espera
para rebrotarem na primavera;
e este grão de poeira na galáxia, meu Deus,
foi justo o lugar que  escolhestes
para vosso amado filho nascer;
por tanta confiança, eu só queria agradecer.












terça-feira, 18 de março de 2025

quinta-feira, 6 de março de 2025

Estou preocupado

A fedentina do fascismo está contaminando as pessoas

na Argentina, EUA, Alemanha, Brasil...

bomba do fim do mundo explode na Ucrânia,

tambores de guerra ecoam na Grã-Bretanha.

O Papa está muito doente,

abutres torcem pelo pior,

ignorantes disseminam o ódio

e crucificam o que é amor,

A Antártica está derretendo,

UV extremo na cabeça,

agroboys tocam fogo na Amazônia,

lá fora quarenta graus,

haverá quem ame o povo ianomâmi?

... a profecia vai se cumprindo,

a sétima trombeta ressoa no planeta.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Não custa nada






Opinião de Carlinhos de Almeida,

palmeirense sem remédio,

após mais uma crise do escrete nacional:

- É preciso acabar com essa história de

presentear com aparelhos eletrônicos

e dar mais bolas para as crianças

jogarem futebol de manhã, de tarde e de noite.

para o bem da pátria amada

e isso não custará quase nada.


A pátria de chuteiras


Após as memoráveis partidas de ludopédio, 

os melhores técnicos e técnicas se reúnem

nos bares, botecos ou biroscas 

de todas as cidades do país

e se põem a analisar estratégias e resultados:

Alguém fez cera? Teve fintas ou firulas?

Aconteceu zebra? Alguém marcou contra o patrimônio?

Muita catimba ou jogo nervoso?

Gol chorado ou golaço?

Só não pode  pisar na bola

e o resto é correr para o abraço.












sábado, 1 de fevereiro de 2025

Qualquer dia eu apareço

Velhas amizades, rostos conhecidos, 

lembranças antigas, músicas revisitadas,

notícias atualizadas, adeus, até breve,

retorno com passos lentos,

a estrada ainda é longa

e levo uma carga de sentimentos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Pés no chão

Vovó cultivava rosas
jasmins, helicônias, etc, e até ipês.
Vovô plantava feijão, aipim,
muitas variedades de bananas
e resmungava:
Não se come flor, mulher!
Vovó ria continuava a plantar
jasmins, gerânios, amarílis,
borboletas, abelhas e colibris.

domingo, 12 de janeiro de 2025

Quem ama, cuida.

 

A Terra nos transporta,

mas também o levamos no corpo:

cálcio nos ossos, ferro no sangue,

desde antes de sermos modernos,

desde antes de sermos neandertais,

mais oxigênio nas células,

fósforo, zinco e sais minerais.


Intempéries nos cabelos


Gosto de ventania, mas o suficiente
para agitar os galhos das árvores,
para içar a pipa ao céu, 
para bagunçar os seus cabelos
e deixá-la com aparência desvairada
de artista normal
ou pessoa apaixonada.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Coisa à toa

 Bem-te-vi é passarinho à toa

que vive na roça e na cidade,

no litoral e no interior do Brasil, 

 que ao ver os homens loucos

 a  atearem fogo na mata

logo dá aviso: bem que vi!

Ao ver os idiotas a jogarem lixo nos rios,

logo grita: bem te  vi!

Com a destruição dos manguezais

o passarinho se entristece mais:

Quem que viu? Quem que viu?

Bem-te-vi, Chico Mendes, Dorothy Stang...

quem que os ouviu?





sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Sentimentos e Nascimentos

 Meu povo que era parceiro da alegria,

que sabia todas as danças,

tocava instrumentos musicais

e bailava com a esperança,

meu povo foi agrilhoado,

condenado a viver no submundo

e a carregar a carga do mundo.

Castigaram seu corpo

e tentaram apagar a chama da alma,

mas continua a resistência na ginga da dança

e na música com sentimento:

Viva Alcione, Gil, Sandra Sá,

Viva Elza Soares e Milton Nascimento!






terça-feira, 5 de novembro de 2024

Trecho da história colonial

 Além das montanhas, meus amigos, minhas amigas, 

havia planaltos com matas e rios cheios de vida, 

terras boas, terras que já tinham donos

- os primeiros filhos deste país -

que viviam da generosidade da natureza

colhendo os frutos das árvores, caçando os bichos do mato,

pescando os peixes de rios e lagos.

Além das montanhas, meus amigos,

tinha gente muito valente

que sabia manejar o arco e flecha, a lança

que nada valia contra bombarda e carabina,

além das montanhas, meus amigos e amigas,

foi grande a chacina.



terça-feira, 24 de setembro de 2024

É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha...


Mesmo que tenha milhões

em imóveis, indústrias, 

ou incontável boiada;

quem não tem filhos, não tem nada.


Mesmo que seja chamado de doutor

que tenha um cargo importante

com muita prosa furada;

quem não tem poesia, não tem nada.


Mesmo que tenha fama

por muita prata e ouro

para mais de uma tonelada;

quem não tem amor, não tem nada.

sábado, 13 de abril de 2024

Música para Malala

 

Pincel, pinta, pintura,

leia-se, livro, leitura,

papel, poema, poesia,

amizade, amor, magia,

antiga, cantiga, canção,

jovem, afegã, Afeganistão.

 

Pincel, pinta, pintura,

leia-se, livro, leitura,

papel, poema, poesia,

amizade, amor, magia,

antiga, cantiga, canção,

jovem, afegã, Afeganistão.

Respira, inspira, esperança,

Canta, dança, cria, criança.

Tiro, bala, abala, cai,

Tomba, ferida, Malala Iúzafezai.

 

Pincel, pinta, pintura,

leia-se, livro, leitura,

papel, poema, poesia,

amizade, amor, magia,

antiga, cantiga, canção,

jovem, afegã, Afeganistão.

Respira, inspira, esperança,

Canta, dança, cria, criança.

Tiro, bala, abala, cai,

Tomba, ferida, Malala Iúzafezai,

mas nem a força da bala

poderia parar Malala!

terça-feira, 26 de março de 2024

Mar sem fim

 

Adeus, mamãe, vou pescar,

e a senhora sabe,

não dá para saber a hora de voltar,

vai que os peixes estão beliscando,

vai que o vento está soprando;

vai que encontro uma sereia,

vai que ela me desnorteia.

 

Peixe não tem endereço, mamãe,

e o pescador é seu vizinho,

cardume não marca encontro

e a incerteza é seu destino.

 

Adeus, mamãe, reze por mim,

Eu vou pescar no mar sem fim,

Sem fim, sem fim, sem fim...

Quebre o sistema, salve o ecossistema!

 

Os tolos aspergiram inseticidas de avião

mataram abelhas, joaninhas e passarinhos,

o gafanhoto virou praga,

acabou a polinização

e o silêncio tomou conta da criação.

 

Quebre o sistema, salve o ecossistema;

Quebre o sistema, salve o ecossistema!

 

Os egoístas aterraram os manguezais

para construir marinas e condomínios

taparam as tocas dos guaiamús

e jogaram esgotos no mar para desgosto do caiçara,

para adoecer a tal ponto as baleias,

que, por tristeza, se suicidam nas areias.

 

Quebre o sistema, salve o ecossistema;

Quebre o sistema, salve o ecossistema!

 

E quem bota fogo na mata

é igual quem joga lixo no rio;

que é igual quem aterra e mata o mangue;

que é igual quem derrama o sangue

de bicho, estranho, irmão, irmã;

que é igual quem derrama petróleo no mar;

que é igual quem dá agrotóxico para a terra beber;

que é igual quem faz Nossa Senhora chorar.

 

Quebre o sistema, salve o ecossistema;

Quebre o sistema, salve o ecossistema!

domingo, 24 de março de 2024

No breu.


No breu,

No breu da noite nublada do mar de fora, sem bússola, sem visão do litoral, sem solução, com risco de morrer pagão.

No breu, na noite nublada do mar de fora, sem visão do litoral, sem solução, com risco de morrer pagão, em quase desespero, rogue a Deus que se abram as nuvens para mostrar o setestrêlo.

No breu, no mar de fora, sem solução, com risco de morrer pagão, em quase desespero, peça a Deus que se abram as nuvens para mostrar o setestrêlo e achar o rumo de um porto seguro, para os braços de Senhora dos Navegantes, que dá proteção para quem foi pescar distante, distante da segurança, perto do perigo,  muito longe da esperança. 

No breu sem solução, com risco de morrer pagão, no breu sem visão, no breu...

sábado, 23 de março de 2024

Escola caiçara

 

De bem com a vida,

aprendi na escola caiçara

como remar a canoa,

o jeito certo de pescar,

a levar tudo numa boa,

a respeitar e amar o mar.

 

Toda uma herança de sabedorias

e mais a prática do dia-a-dia

na escola do pescador até aprender

a ler no céu o que vai acontecer

com o tempo que ainda não mudou,

a espiar as correntes marinhas

atrás do pescado que se ocultou

e saber que peixe mordeu a isca

e aquele que escapou.

 

E desde os tempos de menino,

Aprendi que a gente vive por teimar,

pois quem nasce à beira-mar

tem o destino escrito na areia

e se a onda vem e apaga tudo,

e se não der peixe na linhada,

e se vier pouco peixe no espinhel

ainda tem a rede armada

no pesqueiro do parcel.

Este mar está cheio de vida,

(mas já teve mais!)

este mar ainda é generoso

(mas já foi mais!)

Quando a gente chegava da pescaria

com uma fieira de peixes na mão,

vovó  nos abençoava e dizia:

"Quando Jesus andou no mundo

procurando seguidores,

escolheu os melhores

no meio dos pescadores."

sábado, 16 de março de 2024

Cantiga de passarinho

 

 

Gosto de poemas de cantigas de passarinhos

cantadas de geração em geração

nos galhos das fruteiras carregadas

e nem precisam ser poemas

com as palavras rimadas:

Viva João-de-barro, sem-fim, saírinha,

pica-pau, tucano, sabiá, tiziu,

jacu, seriema, andorinha!

Sabia, meu bem, 

que saudade é nome de passarinho,

e que tô com saudade de você também?

Um abraço sanhaço, saíra, azulão-da-serra,

coleirinha, bigodinho, periquito,

 tico-tico, tiziu, canário-da-terra!

Voa curió, carcará, urubu-rei,

irerê, quero-quero bem te ver,

bem-te-vi, bem te verei!

Sabia, meu bem, 

que saudade é nome de passarinho,

e que tô com saudade de você também?